O Sol acaba de se pôr, atrás da outra margem do rio. Sentado
no pontão, de pernas a baloiçar, Joaquim brinca com o seu carro. Há uma
tranquilidade inquieta na côr lilás do fim do dia. Não se sente uma brisa, não
se ouve um ruído, não se vislumbra um movimento. Só Joaquim, com o seu carro
vermelho, alheado no seu mundo. Joaquim e... algo, algo que se esconde, mas o
rapaz não se apercebe. Levanta-se segurando o carrinho que o avô lhe deu no
Natal, há 3 Natais atrás, quando ainda era vivo. De pé, observa o fundo do
pontão, o reflexo no rio, o contraste com o céu. Nenhum movimento, mas essa
presença observa-o. Joaquim não sabe. A curiosidade arrasta-o lentamente para o
final do passadiço de madeira, invisivelmente vigiado. Ao sexto passo, o pontão
cede, quase em silêncio. Joaquim, sem chão, cai ao rio, desamparado,
silencioso. A presença observa impávida o rapaz a debater-se. Joaquim é muito
pequeno para poder ganhar a luta ao rio. Por fim, as águas tranquilizam-se, a
presença esfuma-se. Era a Morte.
gostei da associação do texto a esta foto tão bonita: combinam bem um com o outro.
ResponderEliminarSó não gostei do título