A hora de almoço é a pior altura do dia para Farida. Chegam
pessoas e sentam-se, esparramando as nalgas contra si, almofada marroquina de
boas famílias. As outras dizem-lhe para ela ver o lado positivo, não passa
frio, mas Farida não gosta de ficar espalmada contra a cadeira de ferro. Quente
de um lado, frio do outro. Constipa-se. Devia ter estudado como a irmã, que
decora um sofá enorme numa casa de família. Mas o pior mesmo são as bufas à
hora de almoço. Dez minutos sentados e já Farida sente a brisa a atravessar-lhe
o corpo. Então aquele gordo que gosta de se esfregar nela... Oh não! Lá vem
ele! Aposto que se vai sentar aq... Blob! Espalmada. Quente. Frio. Brisa.
Aroma. Uma hora. Não aguenta mais! Olha à sua volta e observa as outras
almofadas. Ela, Farida, cujo nome significa única, sem igual, rodeada por
dezenas de almofadas iguaizinhas a ela. Solta um grito mudo de revolta.
Deixa-se escorregar pela cadeira, perante o olhar angustiado das suas
companheiras. Desliza até ficar pendurada pelos nós que a prendem. Enforca-se.
AhAhAh, adorei
ResponderEliminar