-“Um café e um croissant simples, por favor”.
Tudo isto dito quase num murmúrio. A aparência neutra e os
movimentos
contidos conferem-lhe a privacidade que necessita. Abre o
envelope amarelo
e faz aparecer por breves segundos uma fotografia. Aquela
face está sentada
duas mesas ao lado, imersa numa discussão, empolgada,
distraída. O empregado
pousa o café e o croissant em cima da mesa. Sorve um golo.
Sabe o que tem que
fazer, já o fez centenas de vezes. Desta vez deram-lhe um
dispositivo novo, com
efeito retardado. Assim, pode estar longe quando a balbúrdia
começar. Mais
um sorvo. Tem 5 minutos. Retira do bolso um objecto metálico
do tamanho de
uma unha. Tem o alvo em linha de vista e em redor ninguém
lhe presta atenção.
Prime um botão e uma luz ténue fixa-se no pescoço da vítima.
Ao soltá-lo, uma
nanocápsula supersónica penetra-lhe a carne, sem qualquer
ruído, sem nenhuma
reacção. Guarda o dispositivo e pede a conta. Nem um sinal
de nervosismo. Paga
e dirige-se para a porta. Já do outro lado da rua, ouve
gritos de desespero. Atrás
fica um corpo no chão, rodeado de histeria.