quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A Escada dos Sonhos


Os dois reconhecem-se de imediato. Passaram seis anos desde o último encontro, mas parece não ter passado um minuto sequer. Susana e o Mar saúdam-se com um sorriso. Ele estende-lhe a fiel escada, oxidada pela perseverança, e convida-a a entrar. Ela agradece. A brisa com odor a longe e sabor a sempre atravessa-a. Susana fecha os olhos e vê duas crianças que brincam na areia. Desce um degrau. Tapa os ouvidos e ouve risos inocentes de quem pensa ser dono do mundo. Outro degrau. Uma voz maternal chama de longe. Mais um passo. De mãos dadas, ela e o Rui partilham o lanche, enquanto fazem promessas no sol que se põe. Último degrau. A textura molhada da areia desperta Susana. Abre os olhos e o Mar beija-lhe os pés de mansinho. Em busca de perdão vieste, Susana. Aqui, onde a escada dos sonhos termina, tudo se sana, tudo se perdoa, tudo perdura. Ele não volta, não voltará. E tu, Susana? Algum dia te perdoarás?...

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