quinta-feira, 23 de maio de 2013

A Hora


Luana sente-se despertar com um murmúrio. Um leve sopro aos seus ouvidos. Ao entrar no estado consciente, lembra-se que está sozinha em casa. Abre os olhos em pânico, mas não distingue nada na escuridão. As portadas da janela do quarto balançam com um ruído ligeiro, à mercê do vento. No negrume que a envolve, nada. Com o coração a palpitar liga o candeeiro. A luz forte fere-lhe os olhos mas, na cegueira momentânea, distingue uma sombra difusa. Grita, mas o grito sai mudo. Esfrega os olhos com força, tudo à sua volta continua turvo, só distingue vultos, sente tonturas. Ouve um som abafado que vem do corredor e a luz apaga-se. Luana tem medo, sente os lábios paralisados. Tacteia até à porta e espreita para o corredor. Vê a silhueta das escadas. “Estou a imaginar coisas”, pensa. De repente, sente um arrepio nas costas, uma mão que a segura. Paralisada de medo, sente o coração a acelerar perigosamente. Não o consegue controlar. Aos ouvidos, um segredo. “Está na hora”. O coração não aguenta, explode, pára de bater. Luana cai, fulminada, no chão.


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