Rogério pousa o estojo no chão e aproxima-se da falésia. Ao
largo baloiça suavemente um iate. “Ali está”, murmura. Abre o estojo que lhe
entregaram uma hora antes. Lá dentro, em várias peças, está uma espingarda de
alta precisão, topo de gama. “Com um brinquedo destes, deve ser peixe grande”,
pensa, enquanto a monta. Há muito que não lhe confiavam uma missão e só aceitou
com a condição de ser a última. Não voltaram a ter no grupo alguém com o seu
olho de lince. Nunca falhou um tiro, nunca perdeu um alvo. A arma está pronta.
Rogério coloca-a no chão, deita-se e aponta. Pela mira consegue ver o seu alvo,
na proa, acompanhado de uma adolescente. Rogério não sabe quem são. Nunca fez
perguntas. Não faz juízos. Cumpre ordens. O dedo que acaricia o gatilho prime-o
sem aviso. Ao fundo, um homem cai fuzilado e um vestido salpica-se de sangue.
Enquanto desmancha a arma, Rogério ouve a histeria da jovem, impávido. Fecha o
estojo e guarda-o no carro. Arranca apressado. Hoje vai jantar com a filha e a
esta hora já deve apanhar trânsito para atravessar a ponte…
Sem comentários:
Enviar um comentário