quinta-feira, 27 de junho de 2013

Desígnio


Caio no chão desamparado. A gravidade venceu. Não me lembro onde me deixaram, nem quem ali me levou. Não sei o que me corre nas veias em vez de sangue. Sinto ao de leve o frio do chão no meu corpo dormente. Não me aguento em pé. Tento em vão captar algum estímulo com a visão, cada vez mais turva. Estou dentro de um cilindro metálico. Nos extremos, dois vidros selam a minha cápsula. Através deles, o branco de paredes a distâncias que não distingo. Tudo à minha volta é ausência de informação, de sentido. Nu e resignado, enrosco-me no que sinto de mim, assumo a posição em que nasci. Aceito o meu desígnio, orgulhoso de ter lutado. Fecho os olhos para me livrar dos não-estímulos que me perseguem. Na escuridão, encontro a luz e a paz que me transportam de não sei onde para sei lá o quê. Afundo-me no iceberg da consciência. Ao longe, oiço passos, mas os estímulos já não me resgatam. Perco-me no Nada...

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